A Minha Visita
ao Japão...
2010
há de ter um significado especial na minha vida, pois foi o ano em que
visitei o Japão e, depois de uma prática espiritual intensiva, tive oportunidade
de entrar em contato com a minha alma reprimida e a minha magoada criança
interior.
Tudo
começou no ano passado, quando conheci Megumi e Hiro, da Happy Science
Viena. Eu os visitei em um d ia de janeiro de 2010 e assisti aos filmes
As Leis da Eternidade e As Leis do Sol, que muito me inspiraram. Então
li os livros com os mesmos títulos e depois outros. Em abril, ingressei
na Happy Science. Foi quando Megumi me convidou a ir com ela ao Japão.
Megumi e eu passamos períodos de uma a três noites hospedadas em sete
templos da Happy Science.
Nos livros
do mestre Okawa, li sobre a “tendência da alma”, sobre o condicionamento
que ela recebe ao longo das nossas várias vidas, durante as quais o carma
pessoal vai se acumulando. Passei muito tempo estudando o caráter do ser
humano e o que leva as relações a serem tão diversas. Eu tenho a alegria
de haver cultivado amizades que já duram mais de trinta anos, mas, como
tantas outras pessoas, também tive relacionamentos dolorosos. Muitas vezes,
essas experiências me levaram a enfrentar os meus próprios problemas.
Descobri que certas emoções aparecem repetidamente e que algumas experiências-chave
em minha vida desencadearam uma espécie de “dor primordial”.
Auto Reflexão
Sobre a Minha Infância
No
templo principal Nikko Shoja, o nosso primeiro destino no Japão, eu estava
conversando com Megumi sobre a mi nha infância quando recuei profundamente
até os cinco anos de idade e senti uma antiga tristeza no coração. Senti-a
com tanta intensidade que chorei. Megumi contou-me que os seus problemas
desapareceram graças à prática dos ensinamentos da Verdade transmitidos
pelo mestre Okawa. Tive um desejo profundo de purificar o coração estudando
seriamente a Verdade.
Depois
de Nikko, visitamos Biwako Shoshinkan, à beira de um lago enorme. O monge
do local explicou o método correto de respiração para serenar o coração
a fim de enxergar o seu interior com mais clareza, como que olhando para
um lago de água límpida e ver as conchas e seixos no fundo. Também explicou
que o coração é comparável a um gravador que registra infalivelmente cada
pensamento. O meu problema tinha origem na infância e eu retornei aos
cinco anos de idade, pois sentia que esse era o momento do “trauma”. Precisava
curar aquela ferida.
Durante a reflexão
no templo da Happy Science à beira do lago Biwa, eu me vi ainda menina,
antes de entrar na escola, uma garotinha superprotegida, mas também um
pouco reprimida. Acho que foi nesse período que a primeira desilusão da
vida ficou gravada na minha “fita ideográfica*”. Os meus pais não me ofereciam
a aceitação e o apreço que eu desejava. Senti que eles não compreendiam
as minhas necessidades. Subsequentemente, a criança alegre e aberta tornou-se
tímida, introvertida, e se recolheu na bolha de um mundo próprio.
Depois veio
o colégio de freiras. Eu tinha medo das irmãs de hábito branco e modos
muito sérios. Sofri a humilhação de ter de usar luvas brancas na sala
de aula para não roer as unhas e de ser repreendida por ter rido na aula
de religião. Mais tarde, no ensino médio, não faltaram incidentes com
uma professora que afetaram profundamente meu subconsciente e debilitaram
gravemente a minha auto-estima e segurança. Não recebi nenhum apoio dos
meus pais. Em vão esperei que, pelo menos uma vez, eles ficassem do meu
lado e não acreditassem em tudo que as autoridades escolares diziam. Sentia-me
abandonada e comecei a guardar segredos na adolescência. Não lhes contava
nada e trancava a porta do meu quarto.
Sentindo-me Traída
Traição
é a palavra que melhor define o sentimento de uma garotinha de cinco ou
seis anos cujo amor e entusiasmo não encontravam reciprocidade. Também
comecei a ter outros sentimentos que me iam acompanhar durante longos
períodos na vida, como a vergonha e a culpa. Como uma menina de cinco
anos adquire tais emoções? Eu sentia que os meus pais sempre davam um
jeito de se esquivar das perguntas que eu fazia sobre o começo do seu
casamento, coisa que me levou a desconfiar de que havia um segredo; algo
que não queriam que eu soubesse. Posteriormente, já adulta e mais madura,
investiguei o quanto pude e acabei descobrindo o que eles tanto escondiam
por vergonha ou culpa. A minha mãe engravidou antes de se casar com o
meu pai. Mas abortou. Nessa época, o meu pai ainda era casado com a sua
primeira mulher. Deve ter sido uma decisão dolorosa.
Mas eu não
sabia de nada quando era menina e adolescente. O meu pai era muito autoritário,
com ideias fixas acerca do mundo, e sempre parecia saber o que era bom
e certo para mim. Eu me rebelava muito contra isso. A regra número um
da minha mãe era: “Adapte-se e seja bem comportada”. Esse lema me levava
a desafiá-la imediatamente. Abandonei a trajetória profissional prevista
para mim, primeiro a Matura*, depois a carreira na Câmara de Comércio
de Viena. Preferi me aventurar em empregos ocasionais enquanto procurava
um ambiente em que pudesse desenvolver a minha capacidade de trabalho
mesmo sem uma especialização. Foi o que enfim encontrei no setor de publicidade
e edição, no qual há uma grande demanda de individualistas.
A atitude defensiva
que desenvolvi nem sempre me fazia bem. Dentro de mim, eu sempre julgava
e reprovava os outros. Ao mesmo tempo, é provável que também reprovasse
a mim mesma. Quando recordo a minha infância em casa, é impossível não
pensar que foi dos meus pais que eu herdei o hábito de repudiar e condenar
verbalmente as pessoas. Também imagino que tenha criado repetidamente
relações muito próximas com pessoas em condições de me fortalecer, de
me levar à autonomia e ao amor próprio, só para que elas exibissem o caráter
dominante do meu pai. Percebi que esse padrão persiste porque nós somos
guiados pelo nosso coração, o subconsciente.
A
Cura Pelo Apreço e a Compreensão
Toda
vez que a menininha dentro de mim fica magoada, eu sinto um nó na garganta
e começo a chorar. Foi uma conversa franca com Megumi que provocou essas
emoções. Chora r foi um grande alívio. Acho que isso aconteceu porque
senti a sua sinceridade e compreensão. Creio que foi o seu apreço que
me curou e me libertou da criança interior que t inha sentimentos frustrados.
A verdade é que eu me sentia incompreendida e pouco notada!
Por isso, já
adulta, abracei a minha criança interior e lhe mostrei o quanto ela é
amada, compreendida e notada. Neste exato momento, consigo sentir a minha
força e alegria filtrando- se por cada célula do meu corpo. Sou capaz
de agradecer, acariciar, perdoar e, por fim, soltar. Pois fiquei completamente
livre e em paz comigo, com os meus pais, com as freiras e professoras
do colégio e com toda a criação.
Aprendendo com
o Passado dos Meus Pais
O
monge de Biwako explicou que é importante entender os outros – no caso,
os meus pais – para poder perdoálos. Aconselhou-me a me colocar no lugar
deles para compreender por que agiam como agiam, pois eles não tinham
intenção de me magoar. No tocante à minha atitude em relação à minha mãe,
posso dizer que agora temos um bom relacionamento. Mas nem sempre foi
assim. Antigamente, bastava uma palavra ou uma expressão do seu rosto
para me deixar louca. Hoje eu sei que ela se orgulha de mim e não precisa
mais ter preocupações comigo. Sei que não teve o luxo da escolha quando
era menina ou adolescente. À medida que me informava sobre o passado dos
meus pais, eu desenvolvi apreço, amor e a certeza de que, na época da
Segunda Guerra Mundial, algumas situações exigiam ação sem liberdade de
escolha pessoal. Agora entendo: devido à sua experiência de vida, ela
e o meu pai queriam algo melhor para mim.
Um Caminho Maravilhoso
Para o Nosso Tempo
Colhi
muito conhecimento e inspiração nos livros do mestre Ryuho Okawa. Através
dos acontecimentos da vida, eu vivencio a sabedoria e a percepção dos
seus ensinamentos. Os Oito Corretos Caminhos, o seu método passo a passo
de autorreflexão como um meio de adquirir sabedoria e então alcançar a
iluminação é um trajeto espiritual maravilhoso mesmo na época e na sociedade
modernas. Desde que comecei a participar dos seminários da Happy Science,
essa prática espiritual se integrou à minha vida cotidiana – ela me reforça
e me ajuda a viver a vida.
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