Os pais devem
perceber isso e indagar: “Por que os meus filhos estão tentando fugir
de mim?” Eles fogem porque os pais vivem repetindo a mesma coisa. Ao dizer
que foi muito difícil, impõem uma dívida aos filhos e os lembram constantemente
de que eles precisam pagá-la. Isso não torna a criação do filho uma virtude
da mãe.
O amor que “apenas
dá” torna-se virtude
A criação do filho só se torna uma virtude quando consiste em “apenas
dar”. “O meu papel é o de dar apoio. Criar um filho vale a pena e compensa
por si só. A única coisa que eu quero para o meu filho é uma vida feliz.”
Quando os pais pensam assim, os filhos não fogem deles.
Por outro lado,
quando o pai ou mãe pretende cobrar dos filhos o muito que lutou e sofreu,
eles têm vontade de fugir. Se lhes disserem constantemente o quanto eles
devem aos pais, os filhos terão vontade de ir embora porque ninguém gosta
de cobrador, mesmo que este seja o próprio pai ou mãe. Se o seu filho
está se distanciando de você, procure refletir e veja se você não criou
o hábito de lembrá-lo da “dívida” que ele tem.
Você confunde
ciúme com “amor”?
Numa relação conjugal, muitos confundem o ciúme, que provém do medo de
perder o parceiro, com o amor.
É
verdade que, quando o amor entre um homem e uma mulher floresce, nasce
certa quantidade de ciúme, e os dois se tornam “exclusivos”, de modo que
ninguém pode se interpor entre eles. Contudo, é preciso saber que o ciúme
deixa de ser amor quando se torna excessivo e chega a extremos. Já não
se trata de amor, e sim de um ciúme que constrange o parceiro e tolhe
a liberdade. Ambos sofrem sob um peso enorme. Ninguém aguenta ficar sob
o escrutínio frequente da esposa ou sempre vigiada pelo marido.
O amor deve
ser algo que faz a ambos felizes, mas pode se transformar facilmente numa
coisa que destrói a liberdade, magoa ou constrange os outros. É fácil
confundir ciúme com amor. Por isso, convém saber e recordar que “ciúme”
e “amor” não são a mesma coisa.
Acreditar na outra
pessoa
O ciúme é instintivo e difícil de eliminar, mas, nessas ocasiões, convém
perceber que o que você sente não é amor verdadeiro. É preciso respeitar
o parceiro ou parceira e dar-lhe liberdade até certo ponto. É preciso
acreditar na outra pessoa.
Isso vale não
só para marido e mulher, mas também para pais e filhos. Por mais que o
pai ou a mãe se preocupe com os filhos, não pode vigiá-los 24 horas por
dia. Quando os filhos estão no colégio, brincando com os amigos ou participando
de um programa extracurricular, o genitor não sabe o que eles estão fazendo,
já que é impossível monitorá-los permanentemente.
Coagi-los e
mantêlos com “rédea curta” não é necessariamente amor. Se este se transformar
em ciúme, reflita sobre isso e procure dissolver tal sentimento, porque
esse tipo de ciúme arrisca se tornar uma coisa infernal.
A
sabedoria para eliminar o ciúme
Suprimir o sentimento de ciúme é ser um adulto “inteligente”.
Você precisa restringir seu ciúme. Precisa respeitar o seu parceiro ou
parceira como um indivíduo independente.
O
mesmo se aplica à relação pais e filhos enquanto os filhos ainda estão
crescendo, assim como à relação entre cônjuges e outras parcerias. Há
áreas em que você pode intervir, mas, há áreas em que é preciso deixar
o outro agir sozinho e com independência. Dizer: “Como eu o amo, vou prendê-lo
para que você não fuja” ou “Vou protegê-la contra qualquer predador cercando-a
com uma rede” é o mesmo que apertar o pescoço do parceiro a ponto de asfixiá-lo.
Uma esposa
muito persistente é capaz de telefonar para o escritório do marido para
averiguar a que horas ele saiu do trabalho. Caso ele chegue tarde a casa,
dizendo que fez hora extra, ela o pressiona e pergunta, “Afinal, até que
horas você ficou trabalhando?” Isso é “encurralar” a pessoa, não amá-la.
Se virmos a situação do ponto de vista do marido, ele poderia ir para
casa se a esposa não o importunasse tanto. Mas, como ela insiste em investigar
como se fosse um detetive, ele não volta para casa mesmo que queira.
Sendo adultos
maduros, às vezes nós temos de dar liberdade aos outros. Precisamos compreender
que todos precisam de privacidade.
Aumentar a capacidade
de amar
Eu falei em vários aspectos do amor, porém, o mais importante é saber
amar reconhecendo que a outra pessoa é um indivíduo independente, criando
um relacionamento maduro, seja entre marido e mulher, seja entre pais
e filhos. Só assim o amor há de durar.
Sua “capacidade
de amar” pode melhorar. Convém os dois se empenharem em criar um relacionamento
maduro. Além disso, para evitar que o amor se transforme em apego, um
não deve impor obrigações ao outro. Pelo contrário, tenha sensibilidade
para o sentimento de afeto que surge naturalmente dentro de você.
Fim
da palestra.
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